-Quarto 370

-Este quarto está registrado no nome de Maeda Katsumi.

* Era claro que Yoko não estava chorando de verdade, era tudo teatrinho. Isso ficou mais claro ainda quando saiu do quarto rapidamente e sorridente, como estava antes, e principalmente porque era anti-choro. Ok, ok. Agora no corredor, Yoko colava seu corpo ao da ruiva, e segurava na mão dela com uma das mãos, enquanto a livre ajudava-a a guiar o carrinho até o quarto dela. *

- Yay! Mãos a obra! E, um dia, tente arrumar suas roupas como eu arrumo as minhas... você verá o quão mágico é, é sobrenatural o que acontece. Hihi.

* Após dizer isso, soltava-se da ruiva para que ela entrasse no quarto primeiro, afinal ele era dela. Ao ver o gesto que Katsumi fez, tratou de entrar rapidamente no quarto e fechar a porta. Primeiro afogar seu rosto nos peitos dela, segundo andar de mãos dadas e depois fechar a porta super rapidamente poderia ser estranho para Katsumi, mas era só o jeito sem malícia da morena inocente. Logo dirigia-se a uma das malas, abrindo-as e arrumando as roupas que tinham lá dentro do guarda roupa com tamanho cuidado e perfeição quanto estavam as suas malas antes de serem... "arrumadas" lá em seu quarto. *

* Mal conseguia arrumar 3 de suas roupas em um canto, e já vira que Yoko arrumava 9. Logo aquela ropaiada toda, típico de mulheres, estava finalmente arrumada, Katsumi fez menção para que Yoko se sentar na cama mesmo, e tirando de uma malinha separada uma pequena garrafinha térmica, que tinha café dentro. Ah, café. Finalmente, café. Assim Katsumi se sentava ao lado de Yoko, pegando a própria tampa da garrafa e jogando um teco de café dentro, dando uma loooooooooonga golada. Era como se o efeito fosse instantâneo: ela já se sentia descansada e forte o suficiente para outro dia. Assim, se virava para Yoko, com um sorriso tão inocente quanto de um bebê no rosto, e segurou a mão da sensei. *

- Arigatou, Yoko-sensei. Aceita um pouco de café, pelo menos para recompensar a ajuda? Aposto que você fez muito mais do que eu.

* Após toda a arrumação, mais que perfeita da parte de Yoko que era extremamente detalhista quanto a isso, a professora vira o sinal que ela fez com a mão para que ela se sentasse na cama. Aproximava-se de Katsumi e, quando fora se sentar na cama, sentou-se no chão e logo tratou de se deitar no mesmo, encostando a cabeça na cama da ruiva e colocando ambas as mãos na mesma, segurando-a. Do nada, sentia a aluna segurar sua mão para oferecer a bebida, e isso, por motivos desconhecidos, fez a morena corar-se levemente. Não estava sentindo atração, deixando isso bem claro, só estava sem graça. Mesmo inocente e um pouco infantil, Yoko era tão inteligente e esperta quanto alguém da idade dela ou mais, e sabia que Katsumi não era do tipo de fazer isso com pessoas que mal conhecia, isso a deixou feliz, pois sabia que tinha conquistado o coração da mesma. Não, não gostava de café, mas tomava em momentos necessários, mas realmente... não gostaria de tomar nesse. *

- Kat-chan... N-nós... somos amigas?

* Ao perguntar isso poderia dar uma pesada no ar, mas queria saber isso. Não, alguém tão madura quanto Katsumi não seria amiga de alguém em tão pouquíssimo tempo, possivelmente, mas essa proximidade com alguém lembrou de seu passado quase que recente. Não teve ninguém, talvez por ser hiperativa e infantil desse jeito, mas por dentro... era como se tivesse uma dor tão gigantesca que precisasse de alguém, só um alguém, para se sentir bem. Compartilhar suas tristezas, seus passados e até sua felicidade era o que mais desejou durante anos de solidão. Katsumi, talvez, não pudesse imaginar que ela era uma pessoa sozinha por ser tão sociável assim, mas... a sorridente professora já quase se matou. Isso era uma mancha em sua alma que iria carregar pelo resto de suas vidas, porque, naquele momento, era como se todas as suas fraquezas tivessem sido jogadas no ar, e a única opção delas voarem para longe e nunca mais voltarem era indo para o plano espiritual, bom ou ruim. Apertava a mão de Katsumi o mais forte que podia, realmente aquele poderia ser um recomeço? Seria esse o recomeço que sonhou ao fazer o contrato com a academia? E, não, mesmo se ela dissesse que "sim", não ia parar por aí. Ia fazer todos gostarem dela e ter vários e vários amigos, e, quem sabe, um casozinho com um professor ou funcionário de lá. Estava feliz e triste ao mesmo tempo, mas, naquele momento único, independentemente da resposta, sabia que essa fora a melhor decisão da sua vida e nunca se arrependeria. *

* Aquilo foi súbito. Percebia que a professora não queria café, então a ruiva simplesmente colocou a garrafinha de lado, agora se virando um pouco para a professora. Olhava esta nos olhos, com convicção e também com uma inocência angelical, além da feição inocente que Katsumi tinha normalmente. Via agora, que COM CERTEZA, a professora é desequilibrada, devia ter um passado fodido, e isso, a ruiva descobriria com o tempo. Esta então tomou coragem para falar, se corando de leve, virando o rosto por alguns segundos, mas logo voltando a focar a professora. *

- Daijoubu, Yoko-sensei. Está tudo bem agora, e com certeza, nosso laço ainda tem espaço para crescer. Saiba você, que -- * Neste momento, Katsumi apertou com força a mão da professora, agora com ambas as mãos. * -- a partir do momento que você me pegou naquela rodoviária, você tem uma nova amiga. Pode contar comigo, Yoko-sensei, eu não lhe decepcionarei. Eu prometo.

* Ouvia o que Katsumi dizia e abria um pequeno sorriso por isso, ficando até um teco emocionada. Ela tinha prometido, e nada é mais importante e inquebrável do que uma promessa para a morena. Ficava um bom tempo segurando a mão de Katsumi um pouco forte, e calada, só aproveitando o momento. Depois de alguns minutos, repentinamente a morena se levantava e apontava para o nada. *

- Não é hora de ficarmos deprimidas, Kat-chan! Vamos animar!

- Arigatou, Yoko-sensei.

* Agradecia a professora sem nenhum motivo aparente, assim assentindo com sua cabeça, fechando os olhos e deixando sua franja cair um teco. Após um tempo "assentida", Katsumi rapidamente levantou a cabeça e ajeitou sua franja, logo após dando uma bela passada com a mão pelo cabelo. Seu quarto agora estava impecável, e realmente, não sabia mais do que Yoko seria necessária neste momento. Ficou um tempo calada, apenas observando sua nova professora meio louca apontando pro nada, com um rosto estranhamente confiante. A ruiva então se levantou, colocando sua mão direita sobre o ombro de Yoko, dando uma pequena risadinha, e a olhando com seus rubros olhos, estes agora brilhantes, como se estivessem cheio de lágrimas. Talvez, a ruiva tivesse um pequeno momento de reflexão sobre a nova amizade dela e... tentado esquecer o que acontecera uns anos atrás. A ferida de ter perdido todos aqueles amigos não estava nem um pouco cicatrizada no coração de Katsumi, mas a pose de controladora e tranquila dela não poderia se abalar. Afinal, nada pode abalar Katsumi... não é mesmo? *

- Tonikaku, Yoko-sensei... quer comer algo na cafeteria? Acontece que eu estou com um pouco de fome. Apesar de que você não precisa aceitar o convite, imagino eu que você tenha algo a fazer na sala dos professores, desde que tenha chegado aqui exatamente no mesmo momento que eu. Não quero atrapalha-la ou tomar ainda mais de seu tempo, não quero ser um estorvo.

- Cafeteria? Por favor, Kat-chan.

* Ao ouvir sobre a reclamação de fome da ruiva, a morena permanecia com a pose de super-heroína, mas com a mão que não estava a apontar nada, usou-a para pegar um pão com frios super gostoso de algum bolso que estava em algum lugar daquela roupa. Vá saber aonde. E, assim, entregava para Katsumi o mesmo, com um larguíssimo sorriso no rosto. *

- Pode comer! Não está ruim nem absolutamente nada. Você viu como cuido das minhas coisas guardadas. Viu como minha mala estava impecável.

* É, realmente. Misto frio mais perfeito que aquele não existia (q). Após entrega-lo, não esperava a mesma comer e já tratava de segurar na mão livre dela e sair correndo para o anexo escolar, mas claro, trancava a porta dela antes disso. *

* Chegou em seu quarto, e assim sendo, sentou-se em uma cadeira, sem nem fazer nada ainda. Respirou fundo, estava realmente cansada e sua cabeça doía. Após um tempo ali, esta se levantou e rapidamente se despiu, entrando assim embaixo do chuveiro. Ficou lá por pelo menos uns 40 minutos, 30 refletindo o que tinha acontecido no dia, e mais 10 realmente se lavando. Lavava seu cabelo com um cuidado extremo, passando mais de 5 cremes no mesmo. Era realmente uma viadinha com seu cabelo, mas era realmente o que ela mais gostava em seu corpo todo. Ao sair do banho, já seca, colocou um roupão por cima de seu corpo, sem nem colocar nada por baixo. O roupão cobria até suas coxas, por ser bem antigo e da época que ela ainda era pequena. Os peitos cresceram, assim como ela mesmo, mas... a preguiça e o cansaço eram grandes demais para fazê-la procurar uma calcinha e um sutiã naquela hora. Ela simplesmente tomou um remédio para dor de cabeça, colocou um Breaking Bad maneirinho para passar (série preferida) e deitou em sua cama, relaxando bastante. Os 20º graus da temperatura era suficiente para fazê-la se cobrir com um lençol, já que o roupão era bastante quentinho já. Depois de um tempo, acabou por caindo no sono. *

* Acabou por acordar naquela hora mesmo, se esticando toda em sua cama. Percebia que era cedo na madrugada ainda, e como imaginava, não devia ter nenhum assistente ou algum inspetor de pé esta hora, então decidiu se vestir rapidamente o suas roupas normais, ajeitar seu laço vermelho na área do pescoço e vestir um salto, como era de praxe da garota. Assim, ela rapidamente ia a frente do espelho e se maquiava, como adorava fazer. Katsumi é bastante vaidosa, e ama passar até horas na frente do espelho antes de sair do quarto. Ouviu falar do Kuroike, um laguinho muito sapato de bola (shoe de ball), e decidiu ir conhecer esta parte da academia, mesmo que aquela hora. *

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