-Quarto 390

Esse quarto está registrado no nome de Okamoto Shizuka.

* Chegava rapidamente no seu dormitório com o homem e suas malas, dizendo para ele coloca-las em qualquer canto que Shizuka mesmo arrumaria. Claro, o homem queria seu "pagamento", e como Shizuka é extremamente honrada com suas palavras, aproxima-se do homem e direcionava seus lábios aos lábios dele, mas antes que encostasse, fez questão de dizer com uma voz sexy e sedutora. *

- Você tem certeza do que quer?

* Shizuka estava irresistível. Era praticamente impossível nega-la, então o homem confirmou suas vontades. Shizuka, assim, colou seus lábios nos dele e deu um longo selinho e se afastou um pouco. O homem com cara de "quero mais", aproximou-se dela em passos lentos, e quando fora pegar na nossa médica, começou a queimar-se por dentro. Não dera nem tempo de começar a gritar, pois rapidamente virou cinzas, mas seria uma pena se ele não teria a capacidade de se regenerar. Assim, limpava aquele local jogando as cinzas dele pelo ralo, nem ao menos se preocupando em fazer algo "bonitinho" para ele. Ok, ok. Arrumou suas vestes, limpando algumas cinzas que caiu em si, e assim, saiu em direção ao pronto socorro para vistoriar o que tem lá, levando um quadro e uma enorme maleta médica. *

* Chegava em seu quarto acompanhada do médico maldito. Ao entrar nele, Shizuka o soltava e já se direcionava, cambaleando, até sua cama, sentando-se nela. Era complicado saber aquele traste era seu vizinho de quarto, eles estavam mais próximos do que imaginou. Mas, pensando melhor, a habilidade dele com marionetes poderia ajuda-la a ter a vingança perfeita para cima de Aya. Só precisaria manter a paciência e a decência para não partir para cima desse cara nojento. *

- É realmente complicado sentir essas coisas.

* Shizuka precisava se socializar, não? Ele já contou sobre o passado dele, agora era sua vez de contar um pouco de si, mesmo que seja para esse cara. *

- Eu tenho demônios em mim. De vários tipos, de várias raças. Então eu consigo sentir as almas das pessoas de quem estou próxima... É uma merda, a maioria das vezes.

*Entrou carregando Shizuka, que logo se soltou dele e andando até a cama. Hideki fechou a porta para poderem conversar melhor. Ele já não estava sorrindo igual no corredor, agora estava apenas sério, ouvindo o que a médica dizia. Se aproximou e se sentou ao lado dela.*

- Ainda está fraca, não é? Tome.

*Segurou uma das mãos dela e fez exatamente a mesma coisa que Yukito, só que o que passou pra ela foi sua energia negativa. Passou o suficiente para ela se sentir melhor e depois soltou a mão dela.*

- Pronto, assim acho que ficará bem. Entendi, por isso soube logo sobre mim e Lizzie. Isso é interessante, apesar de, como você diz, ser uma merda ficar sentindo isso o tempo todo. Mas então, como isso foi acontecer? Se é que quer contar.

*Agora ele falava sério. Se jogasse muito e deixasse Shizuka com raiva dele seria ruim. Continuaria provocando, era divertido deixar a médica brava, mas na medida certa. Agora ele apenas ouviria o que elatinha a dizer.*

* A curiosidade dele a incomodava, mas aquela seriedade dele pode estar fazendo Shizuka ter um pouco mais de confiança no mesmo. Afinal, o que ele poderia fazer contra Shizuka? Nada. Suspirava profundamente e olhava para frente, sem algo fixo para olhar. *

- Eu sou uma faca de dois gumes...

* Shizuka se jogava para trás, deitando-se na cama e ficando com os pés colados no chão, enquanto observava o teto. *

- Eu nasci num vilarejo. Tal vilarejo, a cada 100 anos, tinha que fazer um ritual para que o mal do Japão fosse libertado dos demônios. O ritual é longo, são muitos detalhes, então vou reduzir. Um casal de gêmeos, que nascesse na época do ritual, era escolhido pelo ancião para ser o sacrifício. Eu e minha irmã fomos escolhidas. Só que só um dos gêmeos tem que morrer, e era ela, porque ela era a "gêmea do mal", algo como a "filha do mal" e eu a "filha do bem". Eu a amava tanto que não consegui mata-la, fora que o ritual só era feito com um menino e uma menina... Bom, como não consegui dar prosseguimento ao ritual, minha... mãe empurrou as duas penhasco a baixo. Os demônios e os Deuses nos seguraram, e não morremos. Mas se acabasse assim não seria um problema, não é? Mas os demônios entraram e mim, e voilá. Aqui estou.

*Permaneceu em silêncio por todo o tempo enquanto ela contava a história. Ela era realmente uma faca de dois gumes? Engraçado como Hideki havia acabado de pensar isso sobre ela nos post do corredor antes de entrarem no quarto. Mas não comentou nada até que Shizuka terminasse, mantendo sua expressão séria o tempo todo.*

- Uma pessoa originalmente boa que acabou sendo alvo dos espíritos malignos. Mas, se me lembro, disse que quer matar sua irmã, o que significa que ela não morreu nesse dia. Não seria mais fácil esses espíritos continuarem nela?

*Perguntas e perguntas, ele não se cansava realmente de fazê-las. Talvez por isso tenha se tornado um psicólogo, alguém que faz perguntas e quer saber o que se passa dentro de cada um. Ele gostava disso e sua curiosidade nesse aspecto não tinha limites.*

- Os únicos espíritos que entraram nela foram os bons, os protetores. Ela é a filha do mal, mas se tornou o bem em pessoa. Se eu mata-la esses espíritos vão se esvair por ai, e trazer a bondade para o Japão... Então para equilibrar, eu teria que me matar junto. Eu não ligo para nada disso. Eu só quero que ela pague por toda a dor que me causa.

* Aya não era culpada de absolutamente, ela só teve a sorte de ser mais amada e adorada por todos os lugares que ambas passaram. Shizuka era invejosa, egoísta e manipuladora, por isso de tanto ódio para cima de sua "irmãzinha boa". *

- Eu possuo duas almas. A Shizuka boa, e a ruim. Claro que a ruim é a mais forte, mas a boa luta todos os dias, incessantemente, para se tornar a principal. Já Aya conseguiu se fundir com os seus espíritos, se tornando uma alma só. Ela sempre teve tudo o que eu não tive...

- Então, basicamente, os papéis de vocês duas acabaram invertidos e o que mais te incomoda é ver sua irmã, que seria a ruim, se dando bem enquanto você, que deveria ser a boa, tem um sofrimento que deveria ser dela. É isso?

*Pronto, agora Hideki podia ver perfeitamente o que era Shizuka e os motivos dela ter se interessado por sua arte. Além disso, com essa história que ela contou, talvez ajudá-la acabaria sendo mais interessante do que pensava. Mas deixaria as coisas acontecerem por si mesmas e Shizuka tomar suas próprias decisões.*

- Muito bem, quer que eu te ajude com isso? Desde que não atrapalhe meus próprios objetivos aqui dentro, posso te dar uma mão. Agora com relação à marionete, se ainda quiser tornar sua irmã uma boneca manipulável, aconselho que aprenda desde o começo a criar e a manipular um títere, afinal a marionete e o vínculo com a alma serão seus. Posso te mostrar os passos, mas você deverá fazer tudo com as próprias mãos. Lógico, isso depende apenas de seu interesse, se não quiser, não faremos. Se estiver em duvida, pode pensar o quanto quiser.

*Sempre sério, sem sua cara irônica, Hideki ofereceu a Shizuka as opções possíveis, agora se a médica ia querer sua ajuda ou não, aí era com ela. Como ele mesmo disse, enquanto isso não atrapalhasse seus próprios planos, ele ajudaria. Por que disso? Porque ele achou que seria divertido e interessante, apenas isso. Ele apenas permanecia observando a moça com seus olhos dourados, olhando diretamente para os olhos dela, sem nem desviar ou mesmo piscar.*

* Shizuka prestava atenção em cada palavra que ele dizia, detalhadamente. Abria um pequeno e irônico sorriso ao saber que ele poderia ajuda-la e que ensinaria as coisas necessárias para destruir sua irmãzinha. Se a matasse, seria um problemão para o Japão inteiro, e se se matasse antes dela estar morta, seria um problema pior ainda. Se sentou na cama novamente, encostando as costas na parede enquanto passava a olhar profundamente para os olhos dele, assentindo com a cabeça. *

- É. Ela sempre teve tudo que era para ser meu. Eu sei que se eu deixasse o meu lado bom surgir de volta, eu conseguiria liberar o lado ruim dela, mas... Ser ruim é muito mais legal, não concorda?

* Ficava pensando em tudo o que faria com a sua empregada particular. Ficava tão focada nisso que simplesmente perdia seu sorriso e ficava tão séria quanto Hideki. Afinal, ele não fica com sono não? Isso não vem ao caso. Shizuka não tinha o dom dessas coisas, então seria um trabalho árduo até aprender tudo o que ele tem a ensinar, mas ainda sim, valeria o esforço. *

- Estou disposta. Por favor, me ensine o que eu preciso saber quando puder. E... Vai querer algo em troca, não?

*Sorriu novamente. Ela realmente estava interessada afinal, o que era ótimo, pois com toda a preparação da boneca as coisas ficariam mais divertidas e era isso que queria. Continuava encarando a moça nos olhos, sem desviar.*

- Certamente, ser ruim é bem mais divertido. Ser bonzinho me cansa, mas é necessário ser assim por enquanto. Não me leve a mal, mas uma Shizuka boazinha não teria graça, ao menos ao meu ver. Seu lado ruim a deixa mais interessante.

*Se isso pareceu alguma coisa com uma cantada, é porque Hideki fez parecer isso de propósito. Já estava brincando novamente com a médica, mas não parecia, porque da forma que ele continuava encarando realmente parecia que queria alguma coisa. Ele faz um sinal afirmativo com a cabeça sobre ensinar o que sabia.*

- Muito bem, vou te ensinar o que eu sei. Quanto a querer algo em troca, por hora não tem nada que eu queira, então podemos deixar esse débito em aberto para quando eu precisar. Agora uma pergunta importante, você é um youkai de força física ou mágica? Não precisa nem me dizer sua raça, mas se sua aptidão for magia será mais fácil e melhor, pois poderei te ensinar a manipular as bonecas com magia.

*Hideki estala os dedos e logo Lizzie surge atrás dele. Usaria a boneca que Shizuka já conhecia, não seria bom mostrar todos os seus truques logo de cara.*

- A princípio, vai controlar da forma tradicional, com os fios e títere normais. Se se adaptar bem, passaremos para magia e seu alcance e precisão aumentam. Dessa forma...

*Começou a mover os dedos como se estivesse com aquela cruz de madeira em sua mão, mas nada havia ali, nem madeira, nem fios, e Lizzie começou a se mover de um lado para o outro, movendo delicadamente a cabeça, os braços e pernas. Hideki nem desviava o olhar de Shizuka para fazer isso, para ele era algo tão simples como respirar.*

- Na verdade a boneca se liga por magia. Imagine que a energia mágica toma a forma de fios, cada dedo da mão se liga a um membro. São 5 dedos para 5 membros: cabeça, os dois braços e as duas pernas. Basicamente é assim que funciona, mas como eu disse, deve aprender pelo método normal primeiro até pegar o jeito. Entende?

* Shizuka já estava vacinada. Não se deixaria levar pelos seus instintos para cima desse coiso. Com certeza ele não a seduziria, de jeito nenhum. Mas, de fato, o lado malvadinha era bem melhor. Ouvia atentamente tudo o que ele dizia, anotando mentalmente para não esquecer jamais. *

- Magia.

* Curta e grossa, Shizuka só queria entender tudo o que ele fazia. Já estava cansada e com certeza não passaria para a parte prática hoje. Mas ainda sim, conseguia prestar atenção em tudinho o que ele dizia. Bocejava. Do jeito que ele fazia, controlar parecia extremamente fácil. Ele era realmente muito bom nisso. *

- Entendo...

*Sabia que ela não cairia na sua piscadinha, mas ainda seria divertido provoca-la. Depois de sua breve explicação e pequena demonstração, Hideki estalamos dedos novamente e Lizzie desaparece. Shizuka estava visivelmente cansada, não conseguiria se empenhar direito dessa forma.*

- Muito bem, isso foi apenas um resumo. Começaremos definitivamente depois que estiver devidamente descansada. Além do que me lembrei que tenho um outro compromisso agora, então nos veremos só mais tarde de qualquer forma.

*Hideki se levanta da cama da moça, indo rumo à porta mas, antes de sair, se vira uma última vez para a médica com seu "sorrizinho simpático" na cara.*

- Até mais, Shizuka-san. Tenha um bom descanso.

*E sai para o corredor, fechando a porta novamente após passar.*

* Morre na cama. *

* Shizuka, depois de ter desmaiado, finalmente acorda depois de horas. Estava com tanto sono que nem ao menos se lembra de Hideki saindo de seu quarto, o que a fez passar ambas as mãos por todo seu corpo para chegar se estava tudo "em ordem". É, ele não fez nada, e isso é um alívio. Se levantou, tomou um belo de um banho, se arrumou completamente e saiu para a Ala Hospitalar. *

*Por algum motivo estava em seu quarto, arrumando suas coisas, quando de repente acordou. Estava de pé, e repentinamente, tombou para trás. Estava completamente disposta, como se tivesse dormido durante dias e dias, mas... estava de pé, arrumando suas coisas. Que bizarro. Se levantou, arrumou-se e abriu a porta do quarto, notando várias e várias pessoas congeladas. Se assustou completamente, e saiu do quarto correndo.*

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