-Quarto 170

-Este quarto está registrado no nome de Shikyouji Rio.

*Rio chega no seu quarto finalmente. Suas malas já tinham sido deixadas lá anteriormente, e ela parara antes de tudo para trancar a sua porta e começar a olhar tudo ao redor, para conhecer bem o cômodo que seria seu lar pelos, possivelmente, próximos 3 anos. Depois de organizar tudo nos armários, sua cama e seus pertences, a garota logo entra no seu banho e começa a se tranquilizar, tirando sua venda nos olhos e sentindo-se um pouco melhor com isso.*

*Rio sai do seu banho sentindo-se aliviada depois do primeiro dia de nervosismo, fazendo o máximo para não interagir com ninguém, afinal além de antissocial tinha como dever não ser notada, pelo menos em sua cabeça. Seca-se com uma toalha branca bem fofinha, deixando os cabelos úmidos e escovando-os, o que leva quase uns dez minutos graças ao seu comprimento. Veste então um pijaminha que baseava-se em um shortinho velhinho, de elástico acinturado, e uma blusinha preta de mangas curtas. Coloca um par de óculos no rosto, afinal sua visão acabava ficando um pouco prejudicada apenas pela luz uma vez que ela passava o dia inteiro com a venda, e senta-se na sua cama, abrindo um livro de Agatha Christie e começando a ler de onde havia parado antes de chegar na academia, perto da página 200, mais ou menos. Rio adora coisas misteriosas, obscuras e intrigantes, e Christie era sua autora favorita desde pequena.*

*Faltando apenas cinco capítulos para o fim do Livro, Rio acaba por bocejar e perceber que era melhor dormir se quisesse ter um primeiro dia ao menos decente na escola. Deita-se com todas as luzes apagadas, no maior breu a ponto de não se conseguir ver um palmo na frente dos olhos. Vira-se para o canto da cama recostada na parede e, quase enfiada lá no meio, dorme.*

*Não era como se a luz do dia fosse a coisa mais agradável para Shikyouji Rio, a garota que preferia viver nas sombras acima de qualquer coisa. Com uma certa preguiça, sabendo que estava atrasada mas sem a mínima vontade de correr por causa disso, a garota levantou-se no seu ritmo lento e silencioso, e como primeira coisa do dia vestiu sua venda nos olhos. Logo depois vestiu seu uniforme perfeitamente, parecia uma modelo usando uma roupa novinha, de tão engomadinha e certinha que estava. Comeu apenas um pedaço se pão sem nada e um copo de café que nem estava mais tão quente assim. Não se importava tanto com sabores naquela hora do dia, ela gostava mesmo é de aproveitar a noite. Pegou seus materiais e, naqueles passos sutis, saiu do seu quarto e passou despercebida, completamente, pelos corredores dos dormitórios, indo ser notada novamente apenas lá nos corredores do primeiro andar da academia.*

*Rio chega no seu quarto depois de ter um dia peculiar na escola. Fizera algo que não fazia desde que era criança: interagir normalmente com alguém da mesma idade. Foi para o banho e passou quase meia hora lá, só viajando e lembando disso, imaginando se foi algo bom a se fazer. Já sem as vendas, obviamente, Rio come um pote de insta-ramen, silenciosamente, escovando seus dentes logo depois. Usava uma camiseta preta, apenas, com uma calcinha-shortinho nas pernas. Apesar da noite estar friazinha, ela não gostava de dormir com roupas pesadas. Deitou-se na cama e acabou por demorar muito para dormir... Pelo menos conseguiu.*

*Rio acordou naquela manhã sentindo-se descansada como sempre, afinal stress nunca passava pelo seu temperamento normalmente. Levantou-se, tirou suas roupas de dormir, vestiu seu uniforme como sempre extremamente asseado, arrumou os materiais do dia e se alimentou com uma maçã inteira e muita água. Colocou as vendas nos olhos e, caminhando como uma sombra, saiu dali trancando sua porta e indo para os corredores do primeiro andar da academia.*

*Após se irritar como não se irritava a muito tempo no Kuroike graças a um cara com aparência de mais velho que lhe notara mesmo ela estando em seu estado totalmente sombrio, ela chegou no seu quarto enquanto já amanhecia. Precisava de algum descanso agora, graças ao pequeno stress que passara. Se fosse para a aula sem dormir, poderia fazer algo desnecessário. Tomou um longo banho de banheira bem quente, saindo de lá com os nervos mais calmos. Vestiu um shortinho preto e uma camiseta branca. Já sem as vendas, secou os cabelos e deitou-se na sua cama. Talvez só acordasse para as aulas da tarde... Ou talvez nem isso.*

*Rio sonhava. Sonhava com um lugar escuro, malcheiroso, feio. Algumas construções antigas pareciam cair aos pedaços, árvores sem vida ornamentavam os arredores das mesmas, o chão semi-árido também tão morto quanto as tais plantas. Corvos voavam no céu, e a lua não estava branca nem amarelada. Estava acinzentada, como se tentasse se esconder timidamente, sem sucesso. Não brilhava e nem refletia luz, era apenas um círculo opaco acinzentado no meio da imensidão noturna daquele céu que estava sem uma estrela sequer. A luz era realmente escassa, Apenas os mínimos reflexos das bordas destes locais eram visíveis com muito cuidado, aliás. Se olhar de qualquer jeito, eram apenas sombras empilhadas, disformes, parecendo se unir de forma assustadora. De repente, Rio, que estava bem no meio desse cenário totalmente sozinha, começa a sentir algo molhando seus pés. Ela estava descalça, usava apenas um vestido preto que mais parecia uma camisola rasgada. Ao olhar para os próprios pés para saber de onde vinha o tal líquido morno que os molhava, conseguiu enxergar um leve brilho avermelhado, escuro, com um cheiro forte de cobre subindo. Era sangue... E não era pouco. A poça crescia e crescia sem limites, tornava-se uma piscina, um rio de sangue. A garota, perdida no meio de tanto sangue e tanta dor em um único espaço, começou a ver-se tomada pelo conteúdo escarlate, como se o mesmo controlasse seu corpo. O sangue subiu pelas suas mãos, envolveu seu tronco, sujou seus cabelos, entrou em sua boca, virou bebida. O gosto era bom... E ela parecia querer mais. Virando-se para o sangue que a assustava ainda a pouco, Rio abria um sorriso, começando a nadar no imenso rio macabro, bebendo seu conteúdo como se fosse água limpa e cristalina.*

*Após a hora do almoço, Rio finalmente se acorda depois daquele sonho que, por incrível que pareça, fizera com que ela acordasse mais calma e aliviada. Tomou um café da manhã atrasado, colocando-o no lugar do almoço, e após escovar os dentes trocou de roupa finalmente para o uniforme da academia, todo bem arrumadinho e engomadinho como sempre. Vestiu sua venda nos olhos como de costume, bem apertada a ponto de não ver um palmo na frente do rosto. Arrumou os materiais da tarde ao menos e saiu dali depois de calçar os sapatos, deixando a porta trancada.*

*Rio chegou no seu quarto e só sentou na cama, não vou agir mais pra deixar que a dona da conta faça uma postagem decente. Um beijo.*

(ah tá!)

*Depois dessas ações terríveis feitas pelo Chucky, a dona desta conta irá agir de forma apropriada. Rio tivera não só um, mas dois dias cheios demais. Aulas irritantes, uma luta de boxe, um garoto mais irritante ainda na sala da detenção e, por fim, um convite para o Comitê Disciplinar de Hansha, o Presidente do Conselho. Era tanta coisa acontecendo que era até difícil acreditar que aquilo era a mesma vida escolar que ela estava levando até dois dias atrás, na qual nada acontecia ~~feijoada~~. Rio tomou um banho demorado, deixou a água quente relaxar seus músculos, se lavou muito bem, ensaboando-se até fazer espuma várias vezes, ficando com um cheirinho de pele de neném limpinho. Secou seus cabelos, o que levou mais de meia hora, afinal ela tem cabelos extremamente longos, e depois os prendeu em uma trança imensa que desceu até a parte de trás dos seus joelhos. Sem as vendas já há um bom tempo, Rio colocou seu parzinho de óculos discretos e então tirou de uma gaveta da sua escrivaninha um livro de suspense clássico, dos que ela mais gostava de ler. Começou a lê-lo de onde o marca-páginas sinalizava e deitou-se na cama com as luzes apagadas, deixando apenas a luminária do seu criado-mudo iluminando as páginas que ela lia. Entretanto, depois de duas noites sem dormir, Rio acabou sucumbindo ao cansaço corporal e, por volta da décima sexta página que lia, acabou por adormecer de óculos e deixando o livro cair sobre o próprio rosto. Pelo menos estava coberta com seu edredom até o peito e não passaria frio naquela noite não muito aquecida pela temperatura natural da Academia.*

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