Sala de Artes

-Separada das outras salas de aula, é grande e conta com cavaletes, materiais de artes plásticas e mesas grandes para trabalhos manuais.

*Sae chega primeiro na sala de Artes, um pouco ansiosa pela chegada de Yukio também, mas tentando se tranquilizar. Fazia muito tempo desde que ela queria ficar totalmente a sós assim com ele, e não tinha nunca a oportunidade. Após entrar, sentou-se em uma cadeira, pegando uma pasta bem antiga e olhando uma série de desenhos e artes que tinham ali dentro. Os alunos daquela época são bem talentosos... Mas não chegam aos pés do que Yukio conseguia fazer na sua época de estudante.*

*Yukio finalmente entra na sala. Tranca a porta, vira-se e fita Sae de frente, parecendo penetrar os olhos dela com os seus. Sério, joga sua mochila numa cadeira qualquer e se aproxima dela dando um leve suspiro, de olhos cerrados, com passos lentos mas diretos.*

-Pronto, tô aqui. E agora?

-Nossa, isso é jeito de falar comigo? Malcriado, ainda sou sua Senpai...

*Sae ri da cara de Yukio, que parecia um tanto quanto avariado para aparecer naquele lugar naquela hora sabendo que era para ficar a sós com ela. Por dentro, só faltava ela sair saltando de felicidade, como se finalmente tivesse encontrado o tesouro pelo qual estivesse procurando desde que nascera. Sabia que Yukio sentira-se um pouco forçado a ir até lá por causa da insistência e das provocações dela, então manteve-se quieta e sem muitas esperanças. Mesmo se conseguisse conquistá-lo, este não seria o melhor método para isso, talvez fizesse-a sentir até um pouco mal em relação ao assunto todo. Ou seja, por enquanto, vamos levar o assunto devagar.*

-Tenho um pedido totalmente artístico a te fazer. Antes de dizer o que é, preciso que me dê sua palavra... Você aceita fazê-lo ou não?

-Lá vem merda.

*Yukio diz isso em alto e bom tom, sem o mínimo de consideração pela opinião ou os sentimentos da garota ao ouvir tal coisa. Malcriado mesmo, ríspido, mas era de fato o que qualquer um no lugar dele sentiria: nervoso por aceitar qualquer pedido vindo de Sae naquela situação. Bom, certamente não era nada de tão complicado assim, como ela mesmo dissera, era um pedido totalmente artístico. E falou de artes, Yukio não tinha nem coragem de negar. Respirou fundo, fitou-a nos olhos e, depois de uma leve pigarreada que apenas disfarçava mais um breve segundo de pensamentos que passavam na sua cabeça sobre se era certo ou errado aceitar tal proposta, ele então percebe que não tinha por que hesitar. Na pior das hipóteses, apenas bingolaria. No dia seguinte a gente vê como é que fica esse hue.*

-Ok, se é artístico eu aceito. O que seria?

-Nada demais, Yukio.

*Sae senta-se sobre uma cadeira ao lado de uma mesa com um monte de panos empilhados, brancos, usados para fazer cenários de alguns modelos que eventualmente posam ali. Começa a desdobrar todos os panos, preparando-os para serem usados, jogando-os pelo chão e sobre o pequeno palco de madeira usado pelos mesmos modelos, como se quisesse que Yukio fizesse o desenho de alguém em especial. E era exatamente isso.*

-Eu quero que você me desenhe como você nunca desenhou antes.

-Pelada?

*Brinca Yukio, já percebendo que realmente era uma coisa artística, indo até o fundo da sala e pegando os materiais. Enche um estojo com lápis de tudo quanto é tamanho, grossura, espessura e textura, pega algumas tintas, borrachas, panos e uma tela, deixando tudo certinho para que não demorasse muito ali. Já estava ficando tarde, e os professores acordam cedo...*

-Exatamente.

*Enquanto Yukio virava-se de costas para pegar os materiais e se preparar para tal peripécia artística, Sae desa botoava sua camisa e suas calças, deixando sua roupa inteira deslizar corpo abaixo, incluindo as íntimas, deixando-a completamente nua na frente do professor para quando ele virasse de volta na sua direção. Sentada em cima do "palquinho" citado anteriormente, agora todo forrado em panos brancos, Sae cruza as mernas e se apoia nas próprias mãos, jogando seu tronco para trás, deixando seus seios totalmente visíveis, exceto por algumas finas mechas de cabelo que caíam sedosamente sobre os mesmos sem querer. A única peça de "vestimenta" que Sae usava naquele momento era seu par de óculos, através dos quais ela mantinha um olhar firme e penetrante na direção do artista, silenciosa, apenas esperando para saber se ele continuaria cumprindo com a sua promessa mesmo depois daquilo.*

-Quer que eu tire os óculos, também?

*

*

-Não. Eles são essenciais.

*Yukio nem hesitara ao ver aquele corpo escultural perfeito, aquela deusa nua pedindo para que fosse gravada eternamente pelas suas mãos de forma artística. Apesar de obviamente, por ser um homem, ter interesse e ficar um bocado excitado com a imagem à sua frente, em nome da arte ele nem titubeara em logo preparar os materiais, elevar a tela à altura certa e deixar tudo pronto para que o desenho seja iniciado. A única coisa que faltava era arrumar Sae no lugar certo, em uma posição que combinasse melhor com o desenho que estava já sendo formado em sua cabeça. O artista logo se aproximou da médica nua que usava apenas seus óculos, sem cerimônia tocando em suas pernas e braços para ajeitá-la em uma posição melhor.*

-Coloque essa perna ligeiramente sobre essa... Isso... E essa mão use como apoio, essa outra deixe mais largada... Isso, perfeito.

*Yukio estava com uma expressão extremamente séria, realmente como um profissional da arte, arrumando Sae para que o resultado fosse o melhor possível. Ele não conseguiria fazer uma pintura realista naquele momento, afinal estava tarde e ainda tinha o risco de verem a sala de artes acesa e tentarem entrar, apesar de estar trancada. Sabe como é, pessoas paranormais podem tentar usar seus métodos pra arrombar a porta. Enfim, depois de tudo pronto, Yukio começou a medir Sae a distância com a ponta de seu lápis, então iniciando seus rabiscos sobre a tela. Poucas vezes Yukio ficara tão sério assim para com Sae.*

*Sae fica vermelha feito um pimentão quando Yukio se aproxima, põe a mão em suas pernas e braços para lhe ajeitar. Na cabeça dela, voando a milhão, ela achava que ia ser jogada no chão e ser chamada de meu amor, mas esqueceu de um fato muito importante: era ARTE e YUKIO no mesmo lugar. Por mais que ela realmente e finalmente conseguisse fazer o professor se apaixonar por ela, o verdadeiro amor dele eram as artes e nada mudaria isso. Era algo que ela já estava acostumada a conviver com, e achava até um dos charmes dele. Sentada exatamente do jeito que Yukio lhe deixara, a médica fica olhando para ele ininterruptamente, sentindo-se cada vez mais atraída pela expressão séria do mesmo começando seu desenho. Na cabeça dela, passavam alguns minúsculos pensamentos do tipo "será que eu deveria estar fazendo isso?" e milhões de pensamentos imensos do tipo "quero ele pra sempre comigo". Talvez ela, mesmo adulta, ainda seja a mesma menininha iludida do colegial... Ou talvez não.*

*Yukio permanece lá durante quase trinta minutos inteiros. Um artista normalmente demoraria muito mais para desenhar um corpo perfeito, mas Yukio era diferente. Além de mago, é um artista excepcional, ágil e extremamente habilidoso. Suas mãos se movem da forma mais perfeita, deslizando pela tela, pelo papel ou o que quer que seja que ele esteja usando, o fluxo do seu traçado tinha um ritmo, como se o som dos seus rabiscos criasse certa melodia enquanto tomavam formas. Em apenas 27 minutos e meio, o professor termina o desenho. Decide não colorir ou finalizar, imaginou que pudesse estragar um desenho tão puro como aquele se o fizesse. Estava no tom perfeito de preto e branco, bem clarinho, com traçados simples de lápis na tela branca, retratando perfeitamente como Sae estava naquele exato momento.*

Spoiler:

-Terminei.

*O professor então dá batidinhas com as duas mãos nas calças, como se as limpasse do grafite e das impurezas que ali restavam. Pega o desenho com cuidado e o leva até Sae, querendo mostrá-la.*

-Não gosto de admitir... Mas foi um dos melhores que fiz nos últimos anos.

*"Por que um dos melhores?", pensou Sae. Ela mesmo já tinha visto ele produzir muitas artes muito mais perfeitas e bem trabalhadas que aquela, que era apenas na base do grafite, preto e branco, sem muitos detalhes. De fato, a expressão, a anatomia, o desenho em si estava maravilhoso, e exatamente como ela pedira, seu traço também era algo único, como ele nunca havia desenhado antes. Mas em termos de qualidade ou produção do trabalho, certamente ele conseguia fazer melhor. Sae, vendo aquele desenho sem nem ao menos cobrir-se com qualquer coisa, fica olhando para o mesmo maravilhada, afinal de contas ele realmente passava uma certa emoção, um peso no traçado que ela não estava acostumada a ver. Mas, por que infernos, Yukio, era um dos melhores dos últimos anos? Encucada com isso, ela resolveu simplesmente deixar o desenho deitado ao seu lado, com cuidado, olhando então nos olhos de Yukio, através apenas dos óculos que foram pedidos para ficar lá no rosto dela, curiosa e, de certa forma, "excitada" ao mesmo tempo.*

-Disse isso só pra me elogiar ou algo do tipo? Amei o trabalho, mas você já fez muitos melhores, não?

(SÓ FALTA DAR UMA PINTADA AGORA AHEUHAUHEAUHEUAHEUAHEUAHUEHAUEHAUEHAUEHAUHE)

-É simples, fiz rápido e não tem nada de excepcional no nível da arte.

*Yukio é sincero a respeito da qualidade do seu trabalho. Mas ele não estava mentindo em nenhuma das duas ocasiões: de fato mesmo com tanta simplicidade, aquilo era um dos melhores trabalhos que ele já tinha produzido. A emoção nos olhos de Sae naquele desenho dava a impressão de que aquela garota nua parecia estar viva mesmo dentro da imagem, algo que talvez só segurando-a ao vivo desse tal impressão, mas para ele era o suficiente. Enquanto guardava todos os materiais, ele então manteve-se silencioso até então terminar, aproximar-se dela e dizer enquanto colocava a mão na cabeça da mesma, como se a acariciasse de leve.*

-Mas tive a melhor modelo possível. Nada substitui esse desenho.

*Ele então pegou o jaleco de enfermeira de Sae e o jogou sobre o corpo da mesma, para cobri-la. A noite lá fora estava friazinha, e ele não queria uma raposa resfriada por aí no próximo dia de aula. Muito menos uma raposa MÉDICA resfriada.*

-Vista-se. Já está muito tarde, não queremos nos atrasar para amanhã.

*Quando Yukio começou a falar dos aspectos técnicos da Arte que fizera, principalmente ao que diz respeito dela estar fraca e simples perto do que ele está acostumado a fazer normalmente, Sae já ia até desanimar um pouco sobre o lance de "ser um elogio" ou de dar algum climinha a mais com palavras mais doces. Mas tudo isso mostrou ser uma farsa quando ele, com palavras diretas e em tonalidade suave, disse que ela era a melhor modelo possível e que tal peça seria insubstituível. O instinto de Sae quase que a fez deitar-se ali mesmo de pernas abertas dizendo "Me engravida", mas conseguiu manter a sanidade apenas olhando-o enquanto o mesmo pegava seu jaleco e jogava sobre ela. Sae entendia aquilo muito bem, e tinha que concordar: queria fazer tantas, mas tantas coisas com ele naquela noite que se começassem ali, perderiam o expediente de trabalho inteiro. Melhor descansarem, trabalharem direito e, depois... depois que se resolvam.*

-Ok... Então eu vou dormir aqui mesmo, desse jeito. E não quero ficar sozinha.

*Claro, ela não perde a oportunidade, também.*

-Err...

*Yukio fica meio sem jeito - pois é, YUKIO SEM JEITO - ao ouvir aquilo. Não poderia deixar uma médica nua na sala de artes sozinha. O jeito era se segurar e fazer o negócio direito, pelo menos do jeito que ela tinha pedido. ele então tira seu gorro e os sapatos, deitando-se do lado do corpo nu de Sae, jogando um daqueles panos brancos sobre os dois como se fosse um lençol. Com uma montoeira de outros panos brancos, fez travesseiros para os dois e, com o braço direito passando por cima da barriga de Sae, ficou olhando para ela por alguns segundos. Ele estava mais "corajoso" do que o normal, naquela madrugada.*

-Boa noite.

-Tehehee~

*Parecendo uma adolescente finalmente conseguindo a atenção do seu senpai amado - sendo que a senpai ali é ela, mas enfim... - Sae agia até meio infantil com gestos desajeitados, arrumando seu corpo para ficar bem grudadinho ao de Yukio, que infelizmente não estava nu também, mas enfim... Se estivesse, algumas coisas sairiam do controle, e não era hora disso. Finalmente tirando seus óculos e os deixando ao lado da "cama" que haviam improvisado, Sae virou-se para Yukio e rapidamente beijou seus lábios de forma bem apertada e doce, chegando a fazer um estalinho sonoro no momento do final do toque, olhando nos olhos do artista com suas pupilas brilhantes de emoção e sorrindo do seu jeito apaixonado e, ao mesmo tempo, apaixonante.*

-Oyasumi, Yukio.

*E então fechou os olhos, realmente tentando dormir. Claro, demoraria um bocado até conseguir fazê-lo numa situação daquelas, mas realmente estava se esforçando para tal. "Amanhã terminamos o que deixamos pela metade", pensou consigo mesma enquanto depois de bons e bons minutos, finalmente dormia.*

*Yukio sorri ao ver o sorriso dela. Não sabia explicar o porque, mas em um momento como aqueles ele acabava não conseguindo ser o grosseiro Yankee que sempre era. Parecia que a doçura de Sae era de certa forma contagiosa. Suspirando e percebendo que Sae se esforçava para dormir apesar de ser difícil para ela e ele saber disso, ele também fechou os olhos e em questão de alguns minutos, adormeceu com ela nos braços, finalmente.*

*Yukio acorda primeiro, porque fuck logic. Ao acordar, percebeu que Sae havia roubado a maior parte do "lençol" para ela, mas não se importou. A manhã estava quentinha, e ele estava bem vestido o suficiente para não passar frio. Olhou para ela por alguns segundos, lembrando-se da noite passada e imaginando o que poderia ter acontecido caso aquilo tudo tivesse ocorrido algumas poucas horas mais cedo. Dando um suspiro, Yukio começa a chacoalhar a médica, com a mão em seu ombro, chamando seu nome baixinho. "Sae... Oi, Saecchi... Okiroyo...", mas nada funcionava. Ela parecia estar em transe profundo, hipnose, um sono inacordável. Percebendo que não adiantaria muita coisa, notou que a princesa encantada precisa do clássico toque mágico do príncipe para acordar do seu sono de beleza. Então ele levantou-se parcialmente, passou um de seus braços por cima de Sae, colocando uma mão de cada lado dela, no chão mesmo, suspendendo seu corpo virado para baixo, olhando para ela e deixando seus cabelos cairem de leve sobre seu rosto. Abaixou a cabeça na direção dela e apertou seus lábios contra os lábios dela, dando um longo beijo de bom-dia. Quero ver se ela permanecerá dormindo.*

-Ohayou, Saecchi.

*E levantou-se, sentando-se ao lado dela.*

*Sae realmente dormia profundamente como uma pedra. Não acordaria de jeito nenhum com chacoalhadas leves ou com a voz dele falando baixinho daquele jeito... Ainda mais porque não estava acostumada a ouvir Yukio falando de forma dócil assim. Ele sempre falava de maneira grosseira, com voz mais alta ou bem sonora, e Sae provavelmente acordaria ao saber que era Yukio tentando fazer isso. Sonhando com diversas coisas maravilhosas por causa da noite quase perfeita que tivera, de repente seus olhos abrem como se tivesse tocado o despertador mais alto do planeta inteiro. Ao invés de ver o teto sobre eles, ou os panos ao seu lado, ou a cama improvisada, ela viu o rosto de Yukio, de olhos fechados, lhe dando um longo e apertado selinho nos lábios. Sae quase chorou de emoção, seu coração disparava em uma velocidade absurda, seu estômago parecia se revirar, e mesmo numa manhã de sol forte, seu corpo se arrepiava e tremia como se ela sentisse o frio do ártico... Isso porque ela não sente frio por ser uma raposa das neves. Quando os lábios dele se separam dos dela, a médica completamente vermelha e corada senta-se ao lado de Yukio, esquecendo-se do fato de que estava nua e nem ligando para isso mesmo que percebesse. Olhava no fundo dos olhos dele, estática, em uma espécie de estase mental, como se seu cérebro não funcionasse direito. Como infernos ela conseguiria fazer aquela informação processar em algum momento da sua vida? Yukio? Beijando-a por vontade própria? Seja lá qual for o motivo, seja para acordá-la, para provocá-la, ela não queria saber. Seu coração esquentava, seu corpo frio por causa de sua raça parecia que ia derreter. Seus olhos brilhavam, chegavam a tremular. As palavras não saiam direito da sua boca, a não ser que ela balbuciace-as, gaguejasse, cuspisse-as de forma errônea, impensada, assim como os atos que ela estava querendo fazer com aquele professor em seu subconsciente naquele exato momento.*

-Yu... Y-Yuk-Yukio... D-Doushite... Sono... K-kissu wa...

*Yukio não podia evitar a não ser ficar levemente corado também. Não fazia parte nem do seu feitio, da sua personalidade, tomar uma atitude daquelas para com Sae. Estava até um pouco confuso, mas nunca deixaria isso ser percebido pela loira. Coloca em seu rosto sua expressão séria como sempre, retribuindo o olhar dela e então soltando um suspiro relaxado, como se tivesse alguma preocupação saindo de sua mente naquele momento, como se algo bom tivesse acabado de acontecer. Ele então levanta-se e pega as roupas de Sae que estavam jogadas sobre uma cadeira até agora, jogando-as com cuidado de volta para a dona.*

-Vista-se. Estamos atrasados.

*Yukio coloca seu gorro de volta nos cabelos, calça os sapatos que usava quando chegara lá e começa a alongar o corpo inteiro, soltando sons de estalos bizarros por partes nada a ver, como joelhos, cotovelos, tornozelo, ombro, dedos, pescoço e até os quadris.*

*Sae entende que Yukio não falaria muita coisa a respeito do assunto, realmente não era do feitio dele fazer algo assim. Ele já fora "fofo" o suficiente pelo mês inteiro depois daquele ato, ela não esperava que ele continuasse daquele jeito por mais tempo algum. Ela então pegou as roupas que lhe foram jogadas e começou a vesti-las devagar, ficando arrumadinha em questão de dois minutinhos. Então ela começa a juntar os panos, telas e materiais que Yukio usara na noite anterior, pois pelo jeito ele não queria limpar a própria bagunça. Enquanto fazia isso, ela se tocou de que precisava esclarecer algo: fora acordada pelo homem amado com um beijo nos lábios após dormir nua ao lado dele em um lugar proibido. Aquilo era o tipo de coisa que namorados faziam para se aventurar, ou coisas do tipo. Mas... Será que ele pensava assim?*

-Y-Yukio! Só me responde... A gente tá... cê sabe... err... eu e você... você e eu... né?

*Ela parecia sempre forte para todos, mas na frente dele e depois de um momento desses é que você finalmente vê a raposa de guarda baixa. Ela parecia uma jovem adolescente frágil, inocente e tímida, sem nem conseguir dizer a frase "Estamos namorando?" com sucesso.*

*Yukio termina de amarrar os sapatos por aquele momento enquanto Sae arrumava a bagunça que ele realmente não queria arrumar. Levanta-se, ouve a pergunta dela e se mantém por alguns minutos silencioso, olhando para o lado oposto, para a parede mesmo, de costas para a médica que parecia lhe fitar até agora. Colocou as mãos nos bolsos e se imaginou sendo namorado de Sae. Imaginou o que isso poderia afetar na sua vida, em seu trabalho, com seus alunos... Foi quando apareceu uma imagem de Mizuyo na sua cabeça, e por algum motivo, de Minori também. Aquela aluna fissurada nele poderia ter algum tipo de ataque de ciúmes. Mas enfim, Yukio não tinha que se preocupar com isso, tinha que ficar com quem gostava, isso é fato. Mas com Mizuyo já era diferente. Uma Anzelotte pode fazer de tudo para completar seus objetivos. E ele nem sabe o porque ele tem essa informação. Simplesmente... sabe. Resolveu deixar a aluna novata para lá e então virou-se para Sae. Fitou-a por uns dez segundos e conseguiu se ver como namorado dela. Mas algumas coisas precisavam ser acertadas em sua vida - principalmente em seu coração - antes que esse Yankee Todo-Poderoso pudesse admitir algo desse tipo.*

-Namorando? Tch! Saecchi, eu gosto muito de você e tudo mais... Mas o Rei Supremo do Universo não pode pertencer a uma pessoa só.

*Não foi uma escolha boa de palavras, ainda mais porque ele a disse com um sorriso troll em seu rosto, pouco se ferrando para a maneira que isso poderia chegar nos ouvidos de Sae. Virou-se de costas mais uma vez, ergueu a mão direita para se despedir da enfermeira e então saiu da sala de artes, fechando a porta de uma vez e voltando aos corredores.*

-Haa?

*De fato decepcionada com aquilo, tacou um cavalete inteiro em Yukio, mas ele já havia fechado a porta naquele momento, fazendo o cavalete se quebrar em pedaços. Revoltada, não conseguiu fazer nada a não ser agachar no chão para pegar os pedaços de madeira que acabaram de se espatifar pelo piso. E, por incrível que pareça, sorrira. Conhecia Yukio. E não esperava nada diferente.*

*Sae então ficou por ali limpando a bagunça por mais um certo tempo. Aquela madeirada fez uma sujeira que só, ela provavelmente vai demorar um pouco pra sair dali.*

*O grito de Lee ecoa por aqui*

WHAT THE FUCK!?!?!?

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