-Quarto 280

Relembrando a primeira mensagem :

-Este quarto está registrado no nome de Segawa Naoyuki.

* Por que justamente com Naoyuki? Que saco. Estava prestes a rolar algo bacana entre os dois e essa menina aparece. Levantou da cama correndo e se sentou na mesa, pegando uns livros também e colocando por lá. Não sabia se Naoyuki iria assumir seu namoro, então simplesmente fingiu que estava estudando. *

* Falou em voz baixa, antes de responder à porta, para Keiko. *

- Que bobeira é essa, amor? Relaxe aí, fica tranquila.

* E então ele ajeitou um pouco a camisa mal colocada no corpo, e também passou a mão no cabelo. Ele então abriu a porta e deu de cara com uma garota um teco diferente, com um tapa olho e um cabelo bem bonito. O professor manjou uma cara séria, mas não abriu a porta completamente. Dava para ver apenas o torso e a cabeça do professor. *

- Em que posso te ajudar... garota?

* E isso fez Riko travar. Não conseguia fazer nada, nem falar nada, nem pensar em nada. Era... era realmente seu irmão? Era ele de verdade? Vivo? E ali, na sua frente? Ficou até meio sem ar por conta disso, e deu alguns passos para trás até encostar na parede. Levou uma das mãos até o tapa-olho, tirando-o e jogando no chão, passando a analisa-lo com o seu olho. Era ele mesmo... *

- S-Segawa... Naoyuki...

- Segawa Naoyuki, o próprio. Quem é você, e que tipo...

* Semicerrou os olhos, e então... via aquele olho. Conhecia aquele tipo de tecnologia, é claro que conhecia. Só podia ser um tipo de coisa, e a mão dela... é, aquela tecnologia era impossível de se confundir. Se virou para Keiko novamente, com os olhos arregalados. Chamou a garota, para ficar do lado dele. *

- Eh, Keiko... venha aqui, amor.

* Aquela garota na frente deles... Keiko estava certa? Poderia ser ela? Voltava a olhar para a garota, pensando em quem seria a mesma. Tinha quase certeza, mas não conseguia acreditar. Estava esperando a resposta da garota, a olhando, mais exatamente... a olhando naquele olho. *

* O que estava acontecendo? Ao ouvir o chamado dele, levantou-se rapidamente e foi com a mesma velocidade até ele, colocando a cabeça no espaço da porta que ele deixou. Via a menina, e... era a irmã dele no sonho. Keiko arregalou seus olhos e deu alguns passos para trás. Levantou o braço destro e começou a apontar para a menina, levando a mão livre para os lábios. *

- Segawa... Riko... ?

* O que diabos estava acontecendo ali? Era ela mesma? Aproximou-se da porta novamente, abrindo-a por completo e com brutalidade, fazendo um barulhão no quarto e no corredor. Aproximou da menina e levou ambas as mãos para os ombros dela, chacoalhando-a. *

- Você é a Segawa Riko? Hein?

* Antes mesmo dela responder, Keiko a soltou e voltou para o quarto, levando ambas as mãos para a cabeça e passando a andar de um lado para o outro. O que era isso?

* Quem era aquela menina e porque ela fez aquilo? Riko odeia que toquem-na, mas estava tão surpresa que nem se irritar ou ficar com medo conseguiu. Fora responder a menina que seu irmão chamou de "amor", mas antes que conseguisse, ela já tinha saído desesperada para o quarto. Por que isso? O que ela tem a ver? Que seja. Voltou a olhar para Naoyuki e, após um gigantesco suspiro, Riko se acalmou o suficiente para dar a resposta tão esperada. *

- Me chamo Segawa Riko... A-acho que... nos conhecemos...

* Que tipo de fala é essa para um reencontro após 14 anos? *

- ... Riko...

* Ele estava... atônito. Ele estava besta. Ele nem sabia o que falar. Pegou no braço da garota e a puxou para o quarto com bastante velocidade, sem a machucar. Fechou a porta atrás dele, segurando-a com ambas as mãos os braços dela, a olhando de frente. Riko... ela estava linda, além disso, ela também estava muito grande. Ela estava viva! Essa é a parte mais importante, ela estava viva. Isto tinha... isto tinha animado Naoyuki. Abraçou a garota com força, deixando uma lágrima descer seu rosto, mas logo parava de abraçá-la. Olhou para Keiko, muito surpreso, enquanto soltava Riko. *

- Você... você é muito boa, amor.

* Se virava para Riko, após falar isto para Keiko. Sua voz estava meio afetada pelas lágrimas. *

- Como você... está viva?

* Keiko ficou calada o tempo todo. O que tinha acontecido ali? O que estava acontecendo? Keiko tem visões do futuro como sua mãe? Após um bom tempo calada, mesmo ouvindo o que ele disse. Após um longo suspiro para se acalmar, arrumou seus cabelos e foi para perto da porta, dando uma pequena empurrada na menina para que conseguisse sair, mas antes, se virou para seu amado com uma feição um pouco confusa de ser descrita. Talvez estivesse com ciúmes ou algo do tipo, com medo de ser trocada, mas Keiko também estava feliz pela felicidade do seu amado. *

- Como eu já sei o que vai acontecer eu vou sair. Tchau.

* E assim fora para seu quarto. *

* Um... abraço? Riko recebeu um abraço? Ele... ele não deveria toca-la. Riko não gosta disso. Mas não fez nada, mais uma vez, porque... foi gostoso. Após ser empurrada pela menina, Riko olhou para seu irmão com uma cara de susto por isso, se perguntando se fez algo de errado. Que seja, não deveria se importar com outra pessoa a não ser eles dois. Ao ouvir a pergunta dele, a pequena deu um rápido olhar cabisbaixo, se perguntando se deveria mostrar e dizer. Não sabia como agir naturalmente com coisas bobas, imagine com algo tão grande. *

- Eu... fiquei presa durante 10 anos...

* E assim se afastou do professor, olhando para o chão por alguns instantes. Após novamente se acalmar, Riko levou ambas as mãos para as suas vestes e passou a tira-las lentamente, pensando segundo após segundo se era o certo. Após tirar sua camisa e a saia, pensou em tirar suas roupas íntimas também, mas lembrou do que aconteceu com o Budo-sensei e hesitou. Assim estava bom. Mostrou a ele suas cicatrizes, queimaduras, hematomas e afins. Também mostrou sua mão mecânica a ele. Essa, com certeza, seria uma cena horrível. *

- Foi isso que eu vivi durante todos esses anos... Até um senhor chamado Dok me salvar...

* Dizia isso com sua feição de sempre: sem passar sentimento algum. O seu coraçãozinho estava apertado, dolorido e ao mesmo tempo feliz, mas seu rosto não conseguia mostrar isso. Ele poderia pensar que só foi espancada, mas... aconteceu muito mais coisas alí. Se ele não perguntasse, não responderia. Simples assim. *

- Keiko! Ah...

* Não iria atrás dela agora. Poderia resolver aquilo depois: era algo muito sério que estava acontecendo ali dentro. Riko estava viva, e além disso, estava na academia! Naoyuki se sentou, colocando ambas as mãos na cabeça. Estava em um triste lamento sobre Keiko, gostaria de verdade que ela o acompanhasse nisto... virando a atenção agora para Riko, via todas as marcas no corpo dela, e a mão também. Ouviu que tinha sido Dok, mas nem se impressionou. Lembrou-se dele falando sobre uma nova recruta, mas apenas isto. Não era um homem muito abeto, aquele velhote chato. Mesmo assim, com um sorriso meio triste no rosto, Naoyuki se levantava da cama, ficando de pé. Seu olho estava vermelho, e isto era visível. Por mais dolorido que isto seria, tanto para ela, quanto para ele... Naoyuki tirou sua faixa e a jogou de em cima da cama, também retirando sua camisa e levantando a calça, o lado da perna de metal. Assim, esticou os braços para os lados para que ela pudesse ver tudo com bastante clareza, apresentando um sorriso triste na cara. *

- Não foi uma boa vida para nós, não é, imouto-chan?

* "imouto-chan"? Que... estranho. Nunca esperou ouvir isso em sua vida, nunca. Isso fora tão estranho quanto o abraço. Olhou todas as marcas e o olho do irmão e não demonstrou feição alguma. O sorriso dele é triste e isso é visível, mas Riko não mostrava nada. Olhou para os lados a todo momento, voltando e pegar suas roupas e vestindo-as. Não sabia se deveria contar, mas... essa era a missão que Dok a deu. Iria cumpri-la contando tudo a ele. *

- Eu já te conheço.

* Terminando de se vestir, Riko virou-se de costas para ele e deu uns passos para a sua frente, afastando-se um pouco mais do irmão. Após um longo silêncio, virava-se de novo a ele e com coragem, resolvia contar sobre tudo. *

- Eu limpava seus rastros, suas falhas. Eu matava quem você deixava para trás, eu fazia com que não te descobrissem. Eu sempre estive perto de você fazendo o que você não fazia. Por que... Por que Dok escondeu isso...?

* Isso fora confuso. Disse muitas coisas ao mesmo tempo, mas estava inconformada com o fato de justamente ELE ser seu irmão. *

- Pode crer.

* Arrumava a calça e se sentava na cama, ajeitando a faixa na sua cabeça. Sempre a apertava com força, fazendo isto. Nem colocara a camisa, até esquecera disto. Ficava olhando para ela, com uma feição meio estranha, meio preocupada. *

- Não sei porque ele escondeu também, aquele velho era maluco.

* Então ele levantou-se e foi até a mesa, perto da cozinha improvisada que tinha no quarto. Preparou um rápido café, e então, serviu à ele uma xícara. Não sabia se ela gostava, então, deixava isto em aberto. Se sentava mais uma vez na cama, tomando o café quente e sentindo aquele delicioso gosto atravessando seu corpo, deixando-o mais quente. Nada melhor que um bom café para animar os nervos, este era o pensamento que ele sempre tinha, e nunca mudava. Café é bom demais, vai pra puta que o pariu. *

- Quer café, ou qualquer outra coisa?

* Seu irmão virou um homem muito bonito e atraente. Só reparava nisso agora, já que ele se arrumou todo e esqueceu a camisa. Não é hora de pensar nisso, também, assim se aproximou da cama e pegou a camisa dele, levando até o mesmo que passara direto de volta a cama. Talvez ele não tinha visto ela tentando entregar a camisa, assim, voltou até a cama dele e deixou-a lá, ao lado do mesmo. Riko não gosta de café, nem de refrigerantes. Se fosse um bom suco talvez aceitaria, mas não estava muito afim de nada. Continuou em pé por alguns segundos, até se tocar que seu olho biônico ainda estava a mostra, assim, com sua mão mecânica, materializou outro tapa olho e tratou de coloca-lo rapidamente. *

- Eu não quero nada. Obrigada.

* Não disse mais nada, ficando um silêncio bem chato no ar. *

- Essa mão é interessante. É só isso que tem no seu corpo?

* Olhava a mão dela, curioso. Viu que ela conseguiu, com facilidade, materializar algo pequeno. Ela conseguiria fazer isto com algo grande? Algo... maior do que ela? Alguma arma? Podia realmente ser um apetrecho de guerra muito interessante. Naoyuki então se recostou na cama, com os braços para trás, do mesmo jeito que estava com Keiko. Claro, antes disto, tinha terminado a xícara de café e a deixado no criado-mudo. Passou a olhar ela com um sorriso no rosto, vendo o quão bonita ela tinha se tornado. Era só uma bebê quando a viu pela última vez, e se fosse realmente um cativeiro... ela provavelmente já não tinha mais seu selo, e nem mais nada que uma garota da idade dela provavelmente teria. É horrível pensar nisto, e mesmo sem ela responder, o professor disse, sorrindo. *

- Heh, você se tornou linda.

- Meu olho e minha mão, só. O olho um cara furou porque os caras me fizeram quebrar a boneca de porcelana que ele me deu, a mão... a mão foi... ele... porque eu tentei fugir.

* Riko não tinha ódio do assassino de seus pais e seu sequestrador, pelo contrário. Sempre achou que tudo o que aconteceu foi por merecimento. Riko é, sem dúvidas, uma garota muito forte que teve sua felicidade arrancada por vários monstros. Ao ouvir o que ele dizia, seu rostinho ruborizou-se levemente, olhando para o lado enquanto apertava sua própria camisa com ambas as mãos. Riko não estava nem um pouco acostumada a ouvir elogios. *

- N-Não... eu... eu estou cheia de marcas e... E-eu não sou linda.

- É, sua vida não deve ter sido nem um pouco mais fácil que a minha. Sabe... ainda procuro vingança.

* É, ele procurava mesmo. Incansavelmente, por anos e anos a fio, tinha que encontrá-los. Ver seus pais sendo assassinados assim, do nada, não era algo fácil. Era uma rocha que Naoyuki carregava, era seu fardo. Aí ouvia ela gaguejando fracamente, de uma forma bem bonitinha e engraçada. O professor riu, para se levantar e pegar sua xícara de café, a enchendo mais uma vez. Tomou um gole e soltou um suspiro, a olhando. Começou então à tentar conversar com ela, que parecia bem desconfortável. *

- É bom saber que você está viva, e aqui. Agora eu posso cuidar de você.

- Você deveria esquecer isso.

* Direta. Era o que pensava, nunca procurou vingança e é bem provável que nunca procuraria. Eles merecem o que passaram, e fim. Agora que acabou eles só deveriam... aproveitar, como disse Dok em sua despedida. Olhou para os lados e, finalmente, puxou uma cadeira para se sentar, e o fez. Agora sentada, um tanto longe do irmão, Riko voltou a fita-lo normalmente, já que ele parou de elogia-la. *

- Eu sempre cuidei muito bem de mim. Por favor, não pare sua vida por alguém como eu. Você... já tem alguém pra cuidar.

* Referiu-se a Keiko, obviamente. Riko não precisa disso, sabe se virar muito bem apesar da sua inocência e falta de vivência das coisas. Aos poucos iria aprender a viver, não seria problema algum aprender sozinha. *

- Dok disse para eu arranjar um namorado.

* Do nada. *

- Se você tivesse os visto morrer... do jeito que morreram...

* Naoyuki não tocava mais no assunto após falar isto. Estava ainda sentado, tranquilamente, olhando para a garota. Colocou a xícara no criado mudo, e então, colocou ambos os braços para trás novamente, dando uma leve espreguiçada. Ao voltar ao normal, continuou a olhar para a garota. Ouvia o que ela tinha dito, mas não iria contradizer. Ela realmente estava muito estranha, mas bem, ela deveria ser estranha, ou desse jeito. Ela era como uma estranha para o professor, que apenas tinha o mesmo sobrenome do que ele. Não a conhecia, não sabia do que ela era capaz e os caralhos. Ouviu a última frase dela, e então, soltou uma risada tosca, junto de um sorriso. *

- É, eu tenho alguém para cuidar, e alguém muito especial. Mas você é minha irmã, e... você consegue fácil um namorado, não que você tenha que fazer isto.

* E pela primeira vez nessa conversa, Riko demonstrou alguma reação. Levantou-se da cadeira brutalmente, fazendo-a cair no chão, e se aproximara do irmão com passos firmes e pesados, até ficar na frente do mesmo. Arrebentou os botões da própria camisa e abriu o bastante para ele rever as marcas que fizeram em si. Levou a mão mecânica até o maxilar dele e puxou a cabeça do mesmo para o próprio corpo, para mostra-lo bem todas essas manchas que nunca irão sair de si. *

- ESTÁ VENDO? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É TER SEU OLHO FURADO AOS SEIS ANOS E SUA MÃO ARRANCADA AOS 12? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É SER UM TROFÉU, UMA ESCRAVA, UM BRINQUEDO PARA CENTENAS DE MONSTROS? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É SER ABUSADA SEM MAL SAIR DAS FRAUDAS? OLHA PARA MIM!

* E assim, apertou um pouco mais o rosto dele, mas o soltou violentamente em seguida, afastando-se do mesmo. *

- EU TENHO NOÇÃO DISSO. VOCÊ SÓ VIU NOSSOS PAIS MORREREM, MAS EU NÃO TO PERDENDO MINHA VIDA POR ISSO!

* E assim, quando percebeu, estava chorando. O que tinha acontecido ali? Por que Riko fez isso? Riko... não é assim. Deu uns passos para trás, assustada consigo mesma, e assim, saiu correndo em direção ao banheiro, trancando a porta por dentro e ficando lá, assustada e chorando, sem dizer nada. *

- Tsc...

* Ela tinha feito aquilo tudo. Ela achava que ele não entendia a dor dela? Ele não podia mais fazer nada para ajudá-la, ele nunca pôde fazer nada. Afinal, Naoyuki nunca esteve lá para alguém, pelo jeito, não é mesmo? Porém foda-se. Ela tomou uma reação retardada, além de que, após ele analisar seu maxilar com a mão, percebeu que ela tinha o machucado bastante até, aquela mão era bem forte. Sabia que aquilo ia passar após algum tempo, então, não ligou para isto. Bateu na cama com uma força extrema, talvez ela ouviria, talvez não. Estava nervoso, ficou nervoso com a reação dela, claro. Seu olho não só estava vermelho, como agora tinha uma aura fortíssima emanando dele. Sabia que o problema dela tinha sido horrível, e sabia também que ela tinha sido estuprada pelo menos por uns cem caras. Não tinha sido uma vida fácil, não, mas ela acha que matar os outros era legal para ele? Ela acha que ele tinha nascido com o gosto de matar, com o gosto de ver sangue, ainda mais depois de ver seus pais morrendo, assassinados? Se ela achava isto, bem, ela estava bem errada. Ele nem falava nada, apenas se apoiava na cabeceira da cama, com a cabeça baixa. Seu olho ficava dançando nos edredons, sem ter muito o que falar. Disse num tom de voz alto, quase que cuspindo as palavras, as escarrando. *

- Quando decidir sair daí, a gente pode conversar tranquilamente. Não é legal dar um ataque logo na primeira vez que vê seu irmão.

* Ele NUNCA mostrou esse lado para ninguém: o lado ignorante dele. O lado que o faz gostar de matar. O lado que Naoyuki é apaixonado. O lado que... quem conhecia, não conhecia por muito tempo. Não que ele iria matar a irmã, mas né. Ele estava bem nervoso, bem puto mesmo. *

* Riko não queria ter feito aquilo, não sabe porque fez, nem ao menos queria saber. Só estava chorando e chorando, se destruindo por dentro. Por quê? Esse primeiro encontro, foi simplesmente... horrível. Só queria que algo desse certo em sua vida, só isso. Riko ouviu o que ele disse e simplesmente não sentiu maldade ou ironia em suas palavras, então, saiu do quarto e quando olhou para ele, percebeu o quanto ele estava nervoso. Riko se assustou mais ainda. Tirou, novamente, seu tapa olho e ficou preparada para QUALQUER coisa que pudesse acontecer, afinal, eles ainda não tem laço algum e ele poderia fazer alguma coisa. Será que ele... também é um desses monstros? *

- Naoyuki-san... e-eu não queria fazer aquilo... Eu só queria... dizer para viver sua vida... me desculpe.

* A aura dele estava fazendo Riko passar mal. Estava ficando sem ar, enquanto seu estomago estava começando a dar voltas e voltas. Por que tudo isso?

- Você acha que eu gostava de matar, Riko?

* Sim, ele ignorava qualquer coisa que ela tinha falado, para então falar isto. Por momento algum seu olho mudara de cor, o vermelho dele parecia tão forte como sangue: e ele gostaria que ela visse isto, por algum motivo, ele gostaria. Virou seu rosto para o dela, a olhando novamente. O rosto dela estava inchado, estava meio "fraco" por causa do choro. Naoyuki sorriu, e então, se ajeitou na cama, se esticando e pegando um lenço. Esticou a mão com o lenço entre os dedos, o oferecendo à garota. *

- ~~c qr um lensso?~~ Quer um lenço, Riko?

* E então esperava ela responder, ou pegar o lenço. Estava ligeiramente aflito. Seu sorriso tinha sumido, para um rosto sem expressão alguma, sem vida alguma. *

* Riko estava com medo, com MUITO medo dele. Atacaria ele sem dúvidas alguma, mas não era o que queria, somente seria por pura defesa. Queria sim pegar o lenço dele, até chegou a aproximar-se do mesmo para pegar, mas antes disso, deu novamente uns passos para trás. Riko também matava, não tanto quanto ele, mas matava. E aquele olho... estava assustador. Por quê? Ele queria... matar a Riko? O olho de Riko ficara vermelho bem clarinho, ele também tinha algumas mudanças de cor um pouco diferentes das do irmão, e isso só mostrava o medo dela. *

- N-Naoyuki-san... se acalme, por favor...

- Eu tô tranquilo. Vai pegar a porra do lenço ou não?

* Ele não tava tranquilo, muito menos calmo. Deixava o lenço em cima da cama, perto da ponta. Ele não atacaria sua irmã, até porque não tinha motivos para isto. Mas falar que a vida dele não tinha sido uma puta de uma rocha simplesmente acabava com todo o orgulho dele. Seu olho não mudara, de qualquer forma, porém ele desviava a visão da irmã dele. Tentou desviar o pensamento também, pensando em Keiko, para ver se se acalmava um pouco. Coitada de Riko, afinal, ela realmente deve ter sido estuprada até ficar cansada de tanto fazer aquilo, e também perder a mão no seco com a idade dela deve ter sido foda. Muito foda mesmo, quase incomparável à cortar a cabeça de alguém inocente por... por trabalhos. Não foi fácil para ambos, e isto era verdade. *

- Desculpe. Sente-se.

* Em momento algum disse que a vida dele foi fácil, só quis dizer que a sua vida foi BEM difícil, mas mesmo com isso, só queria viver sem pensar em vingança ou coisas do tipo, e que ele deveria fazer o mesmo. Riko só queria o bem, a felicidade dele, e em troca, recebeu isso... Ok, não falara com as melhores palavras, mas nunca disse nada do tipo, como conselhos ou toques para a felicidade alheia, isso fora a primeira vez... errada. Riko só queria ficar bem. Ouviu o chamado dele, mas negou com a cabeça. Sentou-se no chão mesmo, encostando as costas na parede ao lado da porta para ao banheiro, e assim, escondeu seu rosto em seus joelhos e começou a chorar mais ainda, atenta a qualquer barulho que ele poderia fazer. Riko nunca fora tão infeliz quanto estava sendo agora. Estava com tanto medo... *

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