-Quarto 280

Relembrando a primeira mensagem :

-Este quarto está registrado no nome de Segawa Naoyuki.

- Eu pedi desculpas. Venha cá, Riko. Não precisamos ficar assim, tentemos de novo.

* Estava bem arrependido, para falar a verdade. Tinha se tocado agora, praticamente, que era sua irmã. Não tinha começado muito bem com ela, e isto era verdade. Se ajeitava na cama, indo até a ponta da mesma. Se ela tentasse o atacar, ela não conseguiria fazer nada. Absolutamente nada, ela estava muito emocionalmente quebrada, e Naoyuki só não via isto, como sentia. Conseguiu uma análise completa dela logo que a mesma entrou no quarto, ele era bom com isto. Muito bom. Só não... sabia do que era capaz a mão. Sentou então na ponta da cama, com os pés no chão. Esticou um braço com a mão aberta, como se fosse cumprimentá-la. Se relaxou, tentando sorrir. Seu olho ficava um teco mais claro, agora que estava mais calmo. Mas ainda, vermelho. Era o "normal". *

- ... "Sim, Segawa Naoyuki, o próprio. E você, quem é?"

- ... ahn...

* Não entendera muito bem o que ele acabara de fazer, assim levantava a cabeça e olhava para ele, ainda bem assustada. Seu olho, instantaneamente, voltou ao normal, apesar da mudança ser mínima, talvez ele nem tinha percebido. Levantou-se do chão e foi lentamente até ele, hesitando a cada passo. Ao chegar na frente dele, levantou a mão mecânica mesmo até a dele, apertando-a e balançando-a, como um cumprimento. *

- S-Segawa Riko... sua irmã...

* E assim, rapidamente, soltava a mão dele, colocando ambas as mãos atrás do próprio corpo. Deu alguns passinhos para trás, ainda deixando escorrer algumas lágrimas em seu rosto, mas não estava mais com tanto medo assim. Ele não iria fazer nada... não é? *

- Oh, minha mulher disse que você apareceria. Você apareceu nos sonhos dela. Faz tanto tempo... porque não vem aqui mais perto, para que eu possa te abraçar? Longe assim, a gente não consegue conversar direito.

* Sorria, enquanto continuava com a mão esticada para ela, após o cumprimento. Gostaria de levá-la até sua cama, para que se sentasse, e relaxasse. Mesmo com esse "re-cumprimento", e este momento... vê-la chorando o cortava. Cada lágrima era como se uma nova lança/espada atravessasse seu coração, como se cada uma daquelas lágrimas fosse uma gota de sangue que Naoyuki derrubava naqueles tempos. Ah, se ele mesmo soubesse o quanto gostava daquilo... mas agora, ele não sabia. Ele era outra pessoa, totalmente outra pessoa. Daí, só foda-se. Foi o que ele pensou. *

- Não consigo te ver chorando...

* O medo principal se dava ao conhecimento sobre ele. Antes de ser a pessoa que limpava as falhas dele, soube detalhadamente a vida do mesmo, sobre o que fizera antes de Dok e com Dok. Ele gostava daquilo, e isso é óbvio. Mas... uma pessoa assim... querendo abraça-la... não pode ser um monstro. Correu em direção a ele, dando um pulo sobre o mesmo, enquanto envolvia os braços no pescoço do irmão. Voltava a chorar bastante, mas agora, de emoção. *

- Onii-san...

- Heh, está tudo bem agora...

* Não pensava que ela faria aquilo, e quando ela fez, ele simplesmente a agarrou e a abraçou com força, em seu colo. Ficava apenas quieto, ouvindo-a chorar. Nunca imaginou em toda sua vida que ouvira um onii-chan, de verdade, nunca tinha imaginado a vida toda que ouviria aquilo. Ela tinha sido dada como morta, e foi assim que Naoyuki viveu o resto de sua vida. Com o pensamento de que ela... de que ela estava morta. Deixava ela chorar o que tinha que chorar, e não falava nem uma palavra, a não ser abraçá-la com muita força, deixando-a aproveitar o momento. Seu olho se tornava amarelo novamente, com a cor bem forte. Fechou-o, para sentir o abraço dela ainda melhor. *

* Aquele abraço, aquela troca de sentimentos... aquilo foi perfeito. Esse fora o primeiro abraço verdadeiro de Riko, o primeiro abraço que ela retribuía, o primeiro abraço que ela... sentia. Estava tão feliz por ter um irmão, por ser ele o irmão... ele é realmente uma boa pessoa. O passado dele apareceu por um segundo, mas já se esvaiu e mostrou esse lado bom dele de novo. Isso é maravilhoso. Apertou tão forte quanto ele, enquanto se ajeitava no colo dele. Sentou-se de lado nas coxas dele, e, aos poucos, soltou o abraço, ainda ficando sobre o colo dele. *

- E-Eu não imaginava que... nada disso iria acontecer...

- Eu nem sabia que você estava viva.

* A soltava também, mas ainda mantinha uma mão nas costas dela, para que ela pudesse se ajeitar. E sim, finalmente, tinha alguma família novamente. Era muito gostoso saber que agora, finalmente, Naoyuki estava com alguém da família. Era realmente muito melhor do que ter "encontrado" ela daquela forma, agora a pouco. Isto estava sem dúvidas melhor. E, agora que ela estava mais próxima, conseguia ver que... realmente, ela tinha crescido muito e se tornado já uma garota muito bonita. Ficava feliz com aquilo, e via a semelhança de cor no cabelo dela. Aquilo deixava um sorriso a pairar no rosto do professor. *

- Mas... é bom tê-la perto de mim, agora.

- Eu não pensava nisso... eu não lembro daquele dia pois só tinha dois anos, então... dei por mim que você estava morto.

* Ficou pensando em quanto tempo perdeu sem tê-lo. Tinha certeza que ele seria um exímio irmão, que iria cuidar, mimar, e trata-la como uma rainha caso crescessem juntos. Ah, se eles estivessem juntos... Riko teria vivencia, Riko saberia, ao menos, o que é um "feriado", já que foi obrigada a questionar isso ao Yusuke-sensei quando se encontraram. Isso apertava o coraçãozinho de Riko, mas não demonstrava nada em sua feição. *

- Como era a nossa relação, Onii-chan? Você me amava quando eu era bebê?

- Mas é claro, você era uma bebê. Eu cuidei bastante de você, sabia? Mas... sempre foi um amorzinho. Não era de fazer birra, sempre dormindo tomando leite. A mamãe te amava muito, Riko. O pai era um trabalhador, mas sempre te dava um belo beijo quando você voltava pra casa. Eu ficava o dia inteiro contigo, então, aprendi a te amar muito. Sinto que isto não mudou até hoje...

* Falava isto enquanto a levantava com muita facilidade, a colocando sentadinha na cama, de boas. O professor então voltou à se sentar com as costas contra a cabeceira, para poder relaxar a mesma. Esperava para ver a reação dela, afinal, não pegou num assunto muito leve. Era sobre os pais que ele falava, e até Naoyuki ficava afetado com isto. Seu olho escureceu um pouco, um amarelo um pouco mais bonito, de uma cor forte. *

- Se quiser deitar, e se relaxar um pouco mais...

- Pai, mãe... eu gostaria de lembrar do rosto deles...

* Corou-se um pouco ao ser pega no colo por ele. Poxa, foi estranho. Riko era tão leve quanto Keiko, então é muito fácil pega-la no colo. Agora, sentada na cama, Riko segurava ambas as mãos e ficava mexendo os dedinhos, ansiosa por algum motivo. Estava querendo perguntar algo, mas que não tinha nada a ver com o assunto. Não deitava nem nada devido a ansiedade. Respirou fundo e virou para o seu irmão, completamente corada. *

- Onii-chan... s-sexo é bom?

* PAH. Quando ele falou de se deitar na cama, lembrou do que tinha acontecido a mais ou menos uma hora atrás com Budo. Já que ele era seu irmão, com certeza diria a verdade. Não perguntava se era bom de... gostoso. Perguntava se era bom de que "boas pessoas faziam". Claro que ele não iria entender isso, mas era. E se não esclarecesse essa dúvida, iria ficar com peso na consciência eternamente. *

- Mas é claro que é bom!

* E então ele soltava uma sonora risada. Talvez ele estivesse mais tranquilo agora que o clima estava daquele jeito, além do fato de que conseguia sentir a aura de Keiko. Naoyuki conseguia facilmente sentir a aura das pessoas conhecidas e de seus inimigos, após estudá-los. Ela não estava tão longe dali, e pela força da mesma, ela deveria estar ainda no corredor. Pensou em ir chamá-la, mas talvez ela acharia estranho tal assunto. Mas então, com a voz um pouco mais alta, ele respondeu. *

- É realmente muito bom, e eu aprendi a gostar mais ainda após conhecer Keiko. Você deveria conhecê-la, também!

* Riu após isto, talvez sabendo o que estava por vir. *

- N-Não é isso que eu per...

* E assim, Riko arregalou os olhos. Levou uma de suas mãos até os lábios e tapou-os, completamente surpresa por eles fazerem. Tipo... Eles fazem! Pra Riko isso não é normal, mesmo para namorados, e por isso o motivo da surpresa. Ficou mais corada ainda com essa resposta dele, passando a olhar para os lados a todo momento. *

- Vo-vocês fazem? E como é?

- É bom pra caramba. De verdade. É bem bom. Mas é bom mesmo, sexo é bom. Sexo é bem bom mesmo, sexo é bem bom.

* Se ela não entendeu, sexo é bem bom. É bem bom mesmo. O professor não parava de rir nem um segundo, apenas esperando o momento em que Keiko explodiria a porta do quarto. E bem, não sabia muito bem como Riko conseguia falar sobre aquilo com tranquilidade, após as coisas que ela provavelmente passou. Não sabia porque ela perguntara aquilo, mas ele apenas responderia. *

* Por que ele falara desse jeito? E por que estava rindo tanto? Olhou para todos os cantos do quarto menos para o professor, forçando seu corpo a soltar algo que não queria. Como ele reagiria? Suspirou uma, duas, três vezes até que finalmente tomou coragem para assumir o que fez. *

- É que eu fiz hoje co...

* PAH. Keiko abriu a porta numa velocidade e força tremenda. Estava nervosa, mas não era pouco. Ela tá PUTA. Quase quebrou a porta de tão forte que a abriu, entrando no quarto com passos firmes e beeeeeeeem pesados, quase quebrando o chão por onde passava. Sua cara não estava nem um pouco agradável, também. Estava vermelha de tanta raiva, com os dentes a mostra e com um olhar completamente sanguinário. Foda-se que interrompeu a menina, estava puta pra caralho. Aproximou-se do amado e deu uns três socos no braço dele. Fortezinhos, até. Fora para longe dele e tacava uns três livros no mesmo, agora com mais força ainda. *

- ISSO É TIPO DE COISA QUE SE FALE PARA A MENINA, NAOYUKI? 'CÊ TÁ LOUCO?

* Via Keiko entrando nem um pouco feliz no quarto, mas isso não fazia o professor rir menos. Ela deu três socões no braço do professor, mas socões para ela, claro. Após fazer carinho no braço de seu namorado, a garota ainda jogou livros na cara dele, mas com a agilidade do mesmo, ele simplesmente se movimentou as três vezes para o lado. Ficava olhando para Keiko, com um sorriso no rosto, e falava entre risadas. *

- Bem, Riko, esta é minha mulher, Miyazaki Keiko. Amor, esta é a minha irmã, e ela perguntou sobre sexo para mim. E eu disse a verdade: é bom pra caralho, ainda mais com você!

* Oh you, Naoyuki. *

* WHAT? Por que aquela menina entrou no quarto daquele jeito? E por que ela tinha feito aquelas coisas? Riko inclinou levemente o corpo para o lado oposto de onde ela estava tacando os livros, para não ser acertada mesmo, mas eles não foram jogados tão fortemente assim para ser "indesviáveis", só precaução. Ela é bem fraquinha, na verdade, já que a analisava com seu olho. Sua feição de nada voltava a aparecer, e seu olho voltava ao vermelho normal de antes. Tudo estava normal para Riko, só não entendia muito bem o que estava acontecendo ali. Keiko brava, Naoyuki rindo. Oi? *

- Prazer em conhecer você, Keiko-san. Que bom que o sexo de vocês é bom.

* Riko estava piorando a situação indiretamente. Melhores irmãos, ou melhores irmãos? *

- O QUEEEEEEEEEEEE? NAOYUKI, CALA A B...

* Ouviu o que a menina disse e travou. Sua aura começou a ficar pesada e ficar mais nervosa ainda, fechando ambos os punhos o mais forte que conseguia. Quem essa menina pensa que é pra dar continuação a piadinha de Naoyuki? Tá, a irmã dele, mas não era nada sua para agir dessa forma. Tá, sabemos que a real intenção de Riko não era essa, mas na mente da estressada não era. Dois filhos da puta. Fora preparada para dar esses soquinhos nos dois, mas suas costelas doeram, e fora fácil perceber pela cara que fez. Assim, contou até 10 e foi até o banheiro, lavando o rosto para se acalmar. Após alguns segundos, voltou para o quarto e passou a fitar seriamente Riko. *

- Não escute o que esse babaca diz, Riko. E é "Miyazaki-san" para você.

* Exatamente igual a quando conheceu Naoyuki. Fofinho, não? *-* Não. *

- Take it easy, honey. Vem aqui, hm? Senta aqui comigo. Eu estou muito feliz, e quero que você fique comigo também. Você é genial.

* Tinha quase certeza de que se ela não sonhasse, talvez Riko não poderia estar por aqui. Ou poderia, mas... não seria a mesma coisa. Naoyuki dava os créditos à Keiko, e somente à ela. Sorrindo, ele dava tapinhas em do lado dele, para que Keiko viesse e ficasse com eles. Virava seu olhar a Riko, que parecia muito atrapalhada, por algum motivo. Ela parecia estranha desde que tinha chegado ao quarto, e isto era verdade. Naoyuki, porém, nem comentou nada perante à isto. *

- Riko, como estava dizendo antes de Keiko entrar no quarto...?

* Quando Keiko disse aquelas coisas, Riko olhou para o lado, onde Naoyuki estava. Estava com uma cara de "Keiko não gostou de mim", mostrando uma certa tristeza perante a isso. Não sabia o que tinha feito para a menina para ela agir desse jeito. Ao vê-lo chamar Keiko, Riko dava uns pulinhos para os pés da cama para ficar o mais afastada possível dela. Ela era... assustadora. Agora, de cabeça baixa, ficou pensando se realmente deveria falar sobre isso, principalmente com Keiko lá, mas... se eles faziam, então não é algo ruim. *

- É que... é que e-eu fiz com... Budo-sensei...

* Ok, estava bem mais calma. Mas não iria pedir desculpas nem nada, claro. E era para ela chamar Keiko de Miyazaki-san e pronto. Após mais um suspiro, andou até Naoyuki e se sentou ao lado dele, mas de braços cruzados e bufando hora ou outra. Esperava qualquer coisa, menos o que a menina dizia. Antes de se levantar e gritar "'cê tá louca", pensou, primeiramente, no seu namorado. Olhou para Naoyuki, com uma feição um tanto assustada, enquanto pensou qual poderia ser a reação dele. Pela primeira vez, Keiko preferiu ficar quieta. *

- Nani?!

* BUDO-SENSEI?! Ah, caralho... porra, porque ela? E porque ela transou com um cara assim, sem mais nem menos? Ele tinha uma torrente de perguntas para fazer para ela. Segurou a mão de Keiko, procurando segurança e calma. *

- Riko, como você transou com ele? Riko, POR QUÊ VOCÊ TRANSOU COM ELE? E COMO VOCÊ TRANSOU COM ELE, FOR FUCK SAKE? ASSIM, DO NADA?! VOCÊ NÃO SENTE NADA POR ELE? SÓ FOI LÁ E LIBEROU? PORRA!

* É, ele queria saber cada pedaço desta história, por mais complicado que seja para Riko falar. Ou não, né. *

- Onii...-chan...

* Os gritos dele assustaram Riko. Abaixou a cabeça e ficou com os olhinhos cheios de lágrimas. Estava assustada, sabia que não era para ter contado. Como é burra! Riko só faz merda. Já não bastava antes, mas agora também... *

- Eu estava perdida nos corredores... e ele foi falando comigo... e tirando a roupa... E-ele me guiou até o quarto, e, enquanto conversávamos, ele... ele ficou... com o negócio dele duro... e-eu perguntei o porquê disso, ele disse que me achou bonita e isso acontece quando acham outras pessoas bonitas... e-ele também me explicou que sexo é bom e... eu deveria experimentar, eu pedi para ele me mostrar, e-eu não sabia que era errado... E e-ele me mostrou, mas teve uma hora que eu fiquei com muito medo e aí eu saí correndo... D-Desculpa, Onii-chan...

* É... ele ficou puto. Keiko sabia disso. Keiko tinha certeza disso. Sentiu seu amado apertar sua mão, apertando a dele também. Procurou dar um certo conforto a ele só com isso. Ouviu o que a menina disse, não querendo opinar de novo. Naoyuki poderia ficar puto por ele ter feito isso com alguém tão inocente e maculada quanto Riko, ou poderia ficar com raiva por ela "liberar" assim tão fácil. A culpa não foi dela, ela só quer aprender as coisas. Levou seus lábios até o ombro dele, aproveitando que ele estava sem camisa, e desferiu um beijinho suave ali, como um sinal de "se acalme". *

- Eu vou ter que conversar seriamente com ele. Ainda mais uma aluna, claramente indefesa e confusa como você... isto pode ter sido sedução de menores. Talvez eu fale até com Kotone...

* Sentia o beijinho de Keiko em seu ombro, o relaxando, de verdade. Após falar aquilo, seu tom de voz enfraqueceu, ficando um pouco mais "mental". Ele realmente estava pensando em ir procurar o tal professor, em algum futuro. Com certeza trombaria com ele, inevitavelmente, e teria uma séria conversa com ele. Sedução de menores é literalmente um crime, e segundo o que sua irmã disse, foi exatamente o que aconteceu. Aquele monstro... Naoyuki então segurou a mão de Riko, a "normal", e desferiu um beijo nela, logo após, a deixando pousada sobre a sua. *

- Não estou bravo contigo, imouto-chan... mas sim com o professor. Ele praticamente lhe usou... amor, você consegue acreditar nisto?!

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